DIANISMO EM POUCAS PALAVRAS

Recentemente, eu voltei a ter contato com minha Iniciadora depois de aproximadamente dois anos e então a bombardiei: Eu tinha mudado de opção sexual e tinha me juntado com duas outras mulheres para formar um Coven Diânico. Quando o choque inicial passou, Rita me enviou uma sequência completa da Síntese da Mudança e a solicitação para este artigo.

Alguns anos depois eu apoiei muitos esclarecimentos aos estereótipos "peculiares dos Diânicos": Que eles eram tealogicamente desequilibrados, detestam os homens, negam que os homens tenham almas, que Diânicas são todas lésbicas, que não podem soletrar/escrever(*1) (no sentido ortográfico; ninguém acusou Diânicos da inabilidade para o trabalho mágico), etc, etc.

Quando eu me reuni com minhas irmãs de Coven, entendi que estas noções eram ao menos verdades parciais e em alguns casos potencialmente falsas.

Eu acredito que existem somente três generalizações válidas sobre os diânicos:

1) Todos nós somos feministas

2) Todos nós damos maior importância às Deusa/s do que ao/s Deus/es

3) Todos nós somos ecléticos

Note bem que há muitas Bruxas feministas que não são Diânicas, nem Diânicas ecléticas e que são antes de tudo Orientadas para a Deusa(*2). Há também indubitavelmente muitas feministas Orientadas para a Deusa que preferem não chamarem a si de Diânicas. Em meu caso eu uso o argumento "Se isso parece ser, é por que é!", como também o fato de que minha Alta Sacerdotisa aprendeu a Arte como "Diânica" e executa rituais "Diânicos".

Existem algumas das generalizações estereotipadas que eu posso desmistificar.

Eu não conheço um único Diânico que negue que homens possuam alma. Até mesmo Z. Budapest não acredita em tal bobagem. É verdade que o Dianismo é particularmente atrativo às separatistas e muitas separatistas odeiam os homens. Muitas mulheres Diânicas são lésbicas. Alguns usam de forma errada palavras como "mulher", "mulheres", "igualitário" e "holístico" propositadamente. Nem todos ajustam-se a isso. De qualquer forma, eu acredito que Z. Budapest na sua espiritualidade bombástica e impressionante, representa hoje uma radical e pequena minoria. Há muitos homens envolvidos no Dianimo e muito deles são heterossexuais(Eu uso os termos "homem" e "mulher" para indicar a identidade de gênero, que é como o coração, mente e alma sentem ser. Eu uso "masculino" e "feminino" para indicar o sexo físico, que é o que somos fisicamente. Eu espero que isso não cause confusões).

Sermos Tealogica e magicamente desequilibrados não é tão fácil de desmistificar, já que é a objeção dos Bruxos mais levada em consideração em relação ao Dianismo. O aparente desequilíbrio vem da ênfase Diânica na devoção à Deusa, frequentemente excluindo a devoção ao Deus. Isso perturba muitos conceitos de Bruxos sobre o equilíbrio das polaridades. A solução deste aparente desequilíbrio encontra-se na consideração de outras polaridades que não a sexual e /ou gênero como a polaridade primordial. Há realmente muitas outras polaridades a serem consideradas: verdadeira-falsa, vida-morte, luz-sombras, racional-irracional, criação-destruição, ordem-caos, bem-mal, só para nomear poucas delas. Um dos problemas com a polaridade masculina-feminina é o fato de haver uma forte tendência para expressar todas as outras polaridades nos termos destas. Os chineses particularmente apreciam isto, e organizam tudo o que eles gostam do lado Yang e tudo o que eles não gostam ou temem do lado Yin, muito patriarcal isso, não!?

Uma coisa que eu descobri é que se você prestar atenção, poderá encontrar Deusas com combinações de muitas polaridades. Muitas até detêm várias simultaneamente. Inanna, minha Deusa pessoal, é um bom caso para apontar. Ela é a Deusa Sumeriana do amor, guerra, sabedoria, aventura, céus, terra e até mesmo morte(em sua face sombria, Ereshkigal). Inanna é uma Senhora muito atarefada. Neste ponto torna-se claro que é uma questão de preferência pessoal, e não de polaridade, a escolha de um Deus ou uma Deusa para ocupar o lugar principal em um ritual.

Nenhum Diânico que eu conheça nega a existência do Deus. Realmente ele é mencionado como o Consorte da Deusa com frequência no Holly Book of Women's Mysteries de Z. Budapest, o que ela quis que parecesse ser uma versão Diânica do Book of Shadows de Gardner. Mas Ele está lá e muitas vezes iremos invocá-lo quando for apropriado. Ele cria o seu próprio caminho, e nós seguimos o nosso próprio e quando Ele cruza o nosso, naturalmente honramos Ele e não o evitamos. Além disso, nós não fazemos força para cruzar nossos caminhos simplesmente para conceder um artificial equilibrio a um ritual, quando isso não é realmente necessário .

Agora que eu falei uma boa parte sobre o que o Dianimos não é, eu devo falar um pouco sobre o que ele é: um movimento de Bruxos feministas, ecléticos e Orientados para a Deusa.

FEMINISMO: Isto envolve um vasto número de virtudes e delitos. Eu não acredito que o separatismo lésbico radical é tão comum quanto se acredita. Um liberalismo feminista é provavelmente muito mais comum, até mesmo entre os Diânicos. Obviamente o meu próprio Coven não contém separatistas. Há também muitos homens gentis por lá, mesmo as pesquisas mostrando que 70% ou mais de todos os homens são estupradores em potencial. Os homens íntegros foram encontrados entre aqueles que não estão na repulsiva maioria; você apenas deve olhar com atenção para encontrá-los. Um dos lugares que possivelmente vai encontrar um homem de caráter é em um Coven Diânico. Alguns são grupos mistos, ao menos aqueles do ramo fundado por Morgan McFarland. Eu creio que o meu próprio é um especial grupo misto.

ECLETISMO: Se há um ditado de Z. Budapest que é repetido por todos na Arte e o qual muitos seguem é "Na dúvida, crie!". Diânicos tendem para uma direção de rituais criativos, extraídos de qualquer e de todas as fontes possíveis. Eu ainda não vi um livro Diânico equivalente ao Book of Shadows Gardneriano e espero nunca ver um.

ORIENTADOS PARA A DEUSA: Eu tenho discutido extensivamente sobre a polaridade. Algumas pessoas dizem que Diânicos não são nada mais do que monoteístas matriarcais. Eu digo para você 3 vezes: A Deusa Diânica NÃO É um Jeová de saias! A Deusa Diânica NÃO É um Jeová de saias! A Deusa Diânica NÃO É um Jeová de saias!

A mais próxima analogia que pode haver é que Diânicos adotaram o Panteão Clássico e recuperaram muito de suas características. Mas tudo isto está muito longe das acusações do atual criticismo. Em algum ponto eu posso escrever sobre a longa Exêge da Deusa Diânica, mas não aqui. Meu próprio envolvimento com Ela vem do grande sentimento de conforto que eu não consegui encontrar em outro lugar. Ela sente correto. Eu tenho uma grande dificuldade de aceitar os conhecidos estupradores(muitos dos Deuses olímpicos são, como Zeus, Hades e Pan!) no meu panteão pessoal. Eu também sinto uma vocação pessoal para a Mãe; é particularmente incompatível, para mim, adotar uma divindade masculina de forma sincera quando a Deusa vem a mim e me chama de Minha Filha!

Eu espero que esta pequena discussão sobre o Dianismo tenha proporcionado um esclarecimento para você. Este não é um caminho para todos, mas é um caminho válido para alguns e em consideração a isto eu espero que você possa ignorar o lixo que tem sido publicado no passado como "dados" relativo à Tradição Diânica.

Inanna Seastar
Coven Birdsnest
09-Dec-88

(*1) Trocadilho com a palavra inglesa SPELL
(*2) Do inglês Goddess-oriented, mulheres que celebram a Deusa e não se denominam Bruxas nem Wiccanianas


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